“Eu só quero escrever as minhas coisas.” “Eu sou apenas uma cantora de jazz”. Amy Winehouse, a cantora genial que morreu em 2011 aos 27 anos, fala isso várias vezes durante o filme documentário sobre sua a vida, que ainda não tem data de estréia prevista no Brasil. Além de ser imperdível para os fãs, o filme deveria ser obrigatório para jornalistas, fotógrafos e todos que trabalham na industria da fama.

Vendo o filme, fica claro: Amy foi assassinada pela fama. São cúmplices de sua morte os paparazzi que a perseguiam (e essas imagens são impressionantes, porque o barulho dos flashes parece com os de um tiroteio), os jornalistas que vibraram a chamando de perturbada e os comediantes que fizeram piada com sua “fama de louca.” E, claro, os “fãs mórbidos” que não a viam como uma pessoa, uma cantora, mas como uma “mulher muito doida.”

A crueldade com que Amy foi tratada é tão chocante que, no fim do filme, a sensação é de enjôo.

No início, vemos uma garota sensivel, genial, tocando guitarra para se sentir menos deprimida. Feliz por dividir apartamento com as suas melhores amigas. Uma garota normal, com sensibilidade extrema e talentosíssima que gosta de cantar e que monta uma banda e trabalha com um empresário amigo.

Amy, mostrada por filmagens caseiras e entrevistas, é uma garota doce que quer cantar jazz e não faz a menor questão de ser famosa. Mesmo. “O que você acha de estar em primeiro lugar nas paradas?”, um jornalista pergunta. “Assustador”, Amy responde de pronto.

Mas a fama aparece e ela é um furacão que a carrega.

E na segunda parte do filme, o que vemos é uma garota apaixonada, que começa a usar heroína, beber demais… e que tem cada passo seu fotografado e filmado por um exército de urubus. Amy não tem mais paz. “Eu só quero escrever minhas coisas, me deixem em paz”, ela diz de novo. Mas não deixam. Até o dia da sua morte. Amy tenta sobreviver, os amigos tentam ajudar. É de partir o coração os depoimentos de suas melhores amigas, que falam sobre Amy chorando.

O documentário mostra suas letras escritas a mão, seu talento, importante para lembrar o quando Amy era grande.

Mas o gosto amargo que fica no final, depois de assistir ao massacre, demora para passar. O que fizeram com Amy é revoltante e devia servir de lição para todos. Para não se repetir. 


Nina Lemos

Julho 17, 2015