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domingo, 31 de maio de 2015

SER MÃE





Por que não estou com

pressa de ter um bebê

(apesar de querer muito)



             


AKIRAH ROBINSON
Akirah Robinson








Acho que estou me sentindo mais realizada do que jamais antes na vida, embora ainda faltem algumas coisas. Não me entenda mal: ainda tenho dificuldade em sentir contentamento. Sou perfeccionista que procura superar o perfeccionismo; quer dizer, para mim a vida nunca foi boa o suficiente. Eu mesma nunca fui boa o suficiente para mim. Até pouco tempo atrás.

Quando eu estava na faculdade, tudo o que queria era me formar e arrumar emprego. Então, quando isso aconteceu, tudo o que eu queria era sair da casa de meus pais. E quanto isso aconteceu, eu estava louca para me casar.

Quando o casamento não aconteceu na hora em que achei que deveria, meu mundo desabou. O único jeito que eu tinha de reconstruí-lo foi encontrar outras metas nas quais focar minha atenção.

Então participei de uma corrida de dez quilômetros, fiz pós-graduação, viajei por todo o país e me mudei para meu próprio apartamento. Queria mostrar ao mundo, e a mim mesma, que eu ainda tinha tudo sob controle.

Alcançar aquelas metas ajudou um pouco, mas não o suficiente para me deixar satisfeita. Em vez de relaxar e curtir a vida que eu estava criando, eu estava focada sobre o que estava faltando. E estava insatisfeita.

Em outras palavras, não estava escolhendo o contentamento. Estava escolhendo tudo menos isso.

 Mais ou menos um ano atrás, decidi que eu não quero mais viver assim.
Descobri o conceito da autocompaixão e optei por dedicar 2014 a incorporar esse conceito em minha vida. Os resultados estão sendo espantosos. Deixei de me impor pressão absurda para fazer mais, querer mais e esperar mais.

Também aprendi muito sobre o contentamento.

Hoje em dia, quando penso no contentamento, cinco coisas me vêm à cabeça:



1. O contentamento significa gratidão.
Muita gratidão. De preferência, todos os dias. Mesmo quando é difícil sentir gratidão. Aliás, especialmente quando é difícil.


2. O contentamento quer dizer entender que a vida nunca será perfeita.
Como o controle, a perfeição não passa de uma ilusão. Simplesmente não é real. E, quanto antes pudermos entender isso, melhor, porque poderemos parar de ficar fazendo uma força enorme para tentar alcançá-la.


3. O contentamento quer dizer que podemos ter expectativas para o futuro, ao mesmo tempo em que aceitamos e valorizamos o presente.
Ter expectativas para o futuro não é apenas normal, é bom. A esperança nos sustenta e nos motiva. Mas sabe o que não tem esse efeito? Desperdiçar nossas vidas, rejeitando o presente por sempre desejar que ele fosse diferente do que é.


4. O contentamento significa saber que o caminho que percorremos é tão importante quanto nossas realizações.
Eu gosto de alcançar minhas metas, como qualquer pessoa; mas, para falar a verdade, muitas vezes não são apenas as metas alcançadas que me fazem sorrir. Geralmente quando comemoro um trabalho bem feito, é porque me lembro de todo o trabalho que investi para realizar aquilo. Foi porque me forcei a fazer coisas árduas... e o esforço acabou rendendo frutos.


5. Para concluir, o contentamento significa querer mais para sua vida, mas não exigir mais.
É possível desejar mais para sua vida sem precisar empreender uma correria maluca para fazer isso acontecer. Na minha experiência, a vida não está muito preocupada com nossas prioridades, por mais que tentemos impô-las. O contentamento nos permite nos acalmar e curtir o perfume das rosas, em vez de só prestarmos atenção aos espinhos delas. Ser focado sobre metas é bom. Deixar que suas metas o consumam não é bom.

Não acho que seja fácil alcançar o contentamento. Sei por experiência própria que, quando as coisas se complicam, a última coisa em que pensamos é o contentamento. Tenho amigos que enfrentam perdas, câncer, infertilidade, depressão e dificuldades financeiros. Seria um absurdo sugerir que eles simplesmente se alegrem e ignorem o sofrimento pelo qual estão passando. Em épocas de sofrimento, é normal querer se afastar de tudo. Quando as pessoas optam por manter pensamento positivo durante as fases difíceis, isso é muito bom, mas não é simples.


Longe disso.

Como estão as coisas em minha própria vida?

 Bem, neste momento, sinto o desejo de ter um bebê. Um bebezinho saudável, gordinho e risonho, uma garotinha que se pareça um pouco comigo e um pouco como seu pai. Algumas de minhas melhores amigas viraram mães, e, cada vez que olhos nos olhos de seus filhinhos, parece que meu útero chora um pouco. Se eu me permito pensar nisso por mais de cinco minutos, meu contentamento se esvai aos poucos.

Traçar comparações com outros pode ser perigoso. E é tão fácil fazer isso!

Por isso, procuro voltar minha atenção mais para minha abundância que para minha escassez.

Dan e eu queremos um pouco mais estabilidade em casa antes de nos tornarmos pais. E, sem filhos, temos bastante energia e garra para trabalhar por isso. Nos domingos de manhã, nossa igreja fica cheia de bebês, e às vezes fico brincando de "cadê? Achou!" com alguns deles depois da missa. Uma amiga minha me pediu para cuidar de seu filho neste fim de semana, e concordei com a maior alegria.

É claro que nada disso pode tomar o lugar de um bebê - do meu bebê, se eu algum dia receber essa bênção. Mas, de algum modo, apreciar o que eu realmente tenho suaviza um pouco o anseio por aquilo que ainda não tenho.

Antigamente eu pensava que o contentamento é algo que chega quando a vida está indo "como deveria". Hoje, não tenho tanta certeza.

Hoje, quando digo que estou contente, acho que é porque entendi que o contentamento é uma opção - e é a opção preferível.

Minha vida está longe de perfeita, e ainda não realizei tudo o que espero realizar.

Mesmo assim, estou começando a perceber que não preciso ficar infeliz por isso, mesmo quando a vida me desafia de maneiras inimagináveis.

Por isso estou optando pelo contentamento.

Não quero mais ser aquela garota que passa a vida fazendo mais, querendo mais e esperando por mais.

Viver desse jeito nunca me fez feliz, e estou cansada de estar cansada. Então opto por me sentir grata, por viver o presente e sentir alegria.

 Só posso falar pelo dia de hoje, mas, por hoje, opto pelo contentamento.




Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

FONTE:
BRASIL POST


Coach de fim de relacionamento e Escritora

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