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domingo, 31 de maio de 2015

NOSSA PRINCIPAL HERANÇA



NOSSA PRINCIPAL HERANÇA É AQUELA QUE NÃO É MATERIAL




Thinkstock






Dinheirinho imaterial








Mas existe um outro tipo de herança que dispensa filas de cartório, escrituras, certidões, contendas familiares. Pessoal e intransferível, seu capital é imaterial, sua origem variada. Minha mãe herdou do avô, descendente de mouros, pratos decorados para pendurar na parede da sala. Hoje, aos oitenta e dois anos, mamãe volta e meia diz Eu amava meu avô Hieronides Tassiano Bellez.








Pratos decorados para pendurar na parede são bens físicos, mas o gosto por eles extrapola a materialidade. Por conta do amor pelo avô, minha mãe desenvolveu talento para decoração. O que me faz pensar Heranças imateriais tem a ver com emoções. A troca de afetos entra a aluna e a professora de português pode produzir uma adulta zelosa do idioma. A admiração de uma criança pelo vizinho marceneiro, pode fazer nascer um designer de móveis.








Meu amor pela palavra impressa surgiu do meu amor pelo meu pai que amava livros e jornais. Na atualidade, o objeto livro e o objeto jornal já não me interessam tanto. Hoje quando termino de ler, passo para frente. Não acumulo, não reverencio. A herança, no caso, é o meu amor pela leitura.  Esta já extrapolou o impresso, anda sassaricando por linhas digitais do computador, kindle, celular.








Bem diferente das heranças materiais - que beneficiam famílias -, as imateriais beneficiam o coletivo. Brazucas somos herdeiros de um conglomerado de diversidades. Do samba e da bossa nova. Do gentil e do violento. Herdeiros de cinco Copas Mundiais e da derrota de 7 a 1 para os alemães. Também temos na coluna crédito, identidades poderosas: indígenas, europeias, africanas, japonesa. E outras recém-chegadas.








Todos parágrafos acima são para concluir que uma pessoa, ou uma coletividade, pode ser curta de grana e rica de cultura. Oxalá, fazendo uso criativo e generoso do capital imaterial, poderemos até juntar riquezas. O ponto de partida é valorizar o que se herda e reinvestir seja no milhão, seja no amor.









FONTE:


Por | Mente Aberta – qui, 28 de mai de 2015

Fernanda Pompeu


Cronista nas horas vagas e de trabalho. Melhor dito, uma webcronista. No blog Mente Aberta, do espaço "Inspire-se", ela procura incentivar os leitores a pensarem e agirem fora das caixinhas. Isso porque inspiração, criatividade, insights e respeito às diferenças precisam de oxigênio para prosperarem.


imagem: Régine Ferrandis



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