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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

SAMPA SEM ÁGUA = ÊXODO ??




Estadão Conteúdo


'Não tenho mais água, penso em deixar São Paulo'

 
Mesmo com negativas do governo,
racionamento afeta boa parte da população paulistana
 
 
 
 
 

Falta d'água já faz com que moradores de SP cogitem volta às cidades natais

 
                
 


 
Com seus 461 anos completos no último domingo (25), São Paulo começa a assumir um papel diferente do que o Brasil se acostumou a ver. Se por anos a fio a cidade abrigou gente de todo o país, agora, enfrentando uma crise hídrica jamais vista, ela faz com que esses migrantes pensem em abandonar a metrópole por falta de estrutura.

 
Tanto na periferia quanto em área mais nobres, a falta de água é latente e sentida por toda a população.
 
Em relato de seu cotidiano como morador da rua Augusta, na região central da cidade, Tales Longo Araújo, 24, estudante de Direito e vindo de Fartura, no interior de São Paulo, conta como ficar sem água em casa pode fazer com que ele tenha de abandonar não só a capital, mas também seus estudos e o estágio que tem na cidade.

"Poucos dias antes do Natal, entre 20 e 22 de dezembro, a água foi cortada por 12 horas em cada dia. Como na república todos saíram de férias logo depois, não sentimos os problemas. Isso até voltarmos no dia 5 de janeiro. Um dia depois começaram a cortar a água no período da noite e durante a manhã também.
Isso durou três ou quatro dias, até que no mesmo final de semana já começaram a cortar a água durante todo o dia. Tivemos que sair de casa e ficar com amigos ou parentes que nos ofereceram hospedagem durante o final de semana.

Como todos trabalham — eu, inclusive, moro a 15 minutos a pé do meu estágio —, fica difícil largar as coisas na sua casa e mudar pra outro lugar. Tivemos que comprar galões de 20 litros pra dar descarga, tomar banho de caneca, beber, lavar louça, chão e etc., até que houvesse uma solução por parte do dono do prédio. Como o edifício é antigo, não temos cisterna como nos prédios mais novos, nem bomba para empurrar a água até a caixa.

Na Augusta há duas semanas que todo dia vejo caminhões pipa parados em frente aos hotéis e prédios residenciais maiores do que o meu. É paliativa, claro, mas não há outra medida, não está chegando água nos prédios!

Coisas básicas do dia-a-dia, fica difícil de fazer. Lavar as mãos só de vez em quando, usar a descarga (de balde com água mineral) depois de urinar é proibido!

Eu não vejo uma solução em curto prazo para São Paulo, não está chovendo suficiente, a água vai acabar em poucos meses e já estou pensando em voltar pra minha cidade, pelo menos por um período de tempo até as coisas se estabilizarem. Nunca passou pela minha cabeça uma coisa dessas. Não quero sair daqui, tenho vínculos com a cidade, tenho mais um ano e meio até me formar, um ótimo estágio, projetos etc.

O que estou passando agora já acontece há meses na periferia. Agora, depois de faltar água em bairros nobres de são Paulo, começa a ter uma visibilidade.  A tendência, pelo o que estou vendo, é piorar. Se piorar — e olhe que já está feio pra mim —, não me resta outra opção senão ir embora da capital. Uma pena. Espero que encontrem uma solução em curto prazo, mas que não reflita muito no bolso da população, o que é difícil.

Enfim, depois de muita conversa com o proprietário, ficou acordado que seriam instaladas mais três caixas d’agua de mil litros (para comportar toda carga do caminhão, que é de 10 mil litros) e toda semana chamariam um caminhão pipa pra enchê-las.

Foi feito semana passada, porém durou de 3 a 4 dias apenas. Desde domingo estamos sem água. Amanhã, fiquei sabendo, o caminhão pipa chega com mais. Vão ser necessários dois por semana."
 
 
 
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